Mariana Domitila

Doutora em Educação e Mentora Transformacional

COMUNICAÇÃO X ANSIEDADE

Foto: Amy Cuddy: TED Talk: “Sua linguagem corporal molda quem você é.”

A influência da linguagem corporal na autoconfiança

É provável que em algum momento da vida você já tenha tido aquela sensação incomoda e sufocante que costuma acompanhar a ansiedade social, pois a maioria das pessoas já passou ou passará por isso – a sensação de que poderá “dar um branco” ou de que “não está agindo com sua melhor performance”. Ou ainda de que “poderia ter feito melhor”, etc.

Existem muitas teorias relacionadas aos aspectos socioemocionais e uma delas é que a ansiedade é causada por uma combinação de emoções e sentimentos de como avaliamos um momento crítico, pois nosso cérebro, instintivamente busca classificar se tal momento trata-se de uma ameaça ou desafio/oportunidade – e como depois o avaliamos – consequentemente, nossa capacidade de encontrar os recursos necessários para atender às exigências daquele momento.

Quando avaliamos o momento como uma terrível ameaça, em vez de um grande desafio ou oportunidade, e sentimos que não temos acesso a todos os recursos necessários para lidar com a tal ameaça, nossa ansiedade chega ao ápice. Portanto, estamos falando do fenômeno da “impotência pessoal” – a sensação de que não conseguimos acessar nossos recursos mentais e emocionais quando mais precisamos deles.

A neurociência nos explica que tanto a ansiedade crônica, como a aguda prejudicam algumas das nossas funções cognitivas/racionais mais importantes, principalmente num momento em que desejamos expressar, ou comunicar algo para uma ou mais pessoas, pois acaba interferindo na atividade do córtex pré-frontal (entre outras áreas), que desempenha um papel fundamental em alinhar nossos pensamentos e ações a nossos objetivos e sentimentos internos.

Por exemplo, se a raiz de nossa ansiedade estiver no medo de causar uma impressão ruim, a pior coisa que poderíamos fazer seria desativar justamente as faculdades cognitivas/racionais que nos ajudariam a causar uma boa impressão, ou seja, as ferramentas que nos permitem entender as outras pessoas, sem os ruídos de nossos “achismos, crenças e receios”, com o foco direcionado para “agir e reagir” de maneira mais assertiva. Mas, é exatamente isso que ocorre, com a maioria das pessoas, quando a sensação de impotência – ausência do poder, impera, principalmente quando as mesmas não estão capacitadas o suficiente para lidar com esses gatilhos emocionais.

Entretanto, é interessante notar que, segundo recentes estudos da neurociência e da psicologia comportamental, enquanto a ausência do poder prejudica nossa função cognitiva, a presença deste poder, assim como sua intensificação (mesmo que seja por meios fisiológicos – produzindo reações neuroquímicas – como hormônios: dopamina, serotonina, endorfina, ocitocina, etc.) parece aprimorá-la, melhorando nossa capacidade de tomar boas decisões em condições complexas.

Pamela Smith, psicóloga e professora na Universidade Radboud Nijmegen na Holanda, realizou dezenas de estudos sobre como o poder e a falta dele afetam nosso pensamento. De acordo com Smith, comparados àqueles que se sentem impotentes, “os poderosos processam informações de maneira mais abstrata, integrando-as para extrair a essência, detectando padrões e relacionamentos.” Para ela, o poder nos torna destemidos, independentes e menos suscetíveis a pressões e expectativas externas, permitindo que sejamos mais criativos.

Nesta lógica, segundo Amy Cuddy, pesquisadora, palestrante, professora da Harvard Business School e autora do livro “O Poder da Presença”, baseado em sua palestra no TED Talk “Sua linguagem corporal molda quem você é”, o poder não expande apenas nossas mentes, como também nossos corpos. Assista a palestra em: https://youtu.be/Ks-_Mh1QhMc

“A linguagem corporal expansiva e aberta está estreitamente associada ao domínio em todo o reino animal, o que inclui seres humanos, outros primatas, cães, gatos, cobras, peixes, aves e muitas outras espécies. Quando nos sentimos poderosos, tornamo-nos maiores. Seja em caráter temporário ou permanente, benevolente ou sinistro, o status e o poder se expressam por exibições não verbais evoluídas: membros afastados do corpo, alargamento do espaço ocupado, postura ereta.”

Amy Cuddy ficou também bastante conhecida pela pesquisa que fez sobre a influência das “poses” na comunicação assertiva (linguagem corporal), por exemplo da “Mulher-Maravilha” e do  “Super-Homem”, que segundo ela, se realizadas pela pessoa, fixamente de 5 à 10 minutos, antes de algum evento importante, ou apresentação, onde seja necessário se comunicar/apresentar alguma mensagem com autoconfiança e assertividade, entre outras motivações atreladas ao bem estar e segurança, proporcionarão um impacto significativo no desempenho da pessoa, por se tratarem de linguagens corporais que carregam posições de poder, capazes de produzir hormônios importantes de bem estar, motivação e segurança, consequentemente bloqueadores de ansiedade e potencializadores da gestão de pensamento e comunicabilidade.

Fato é que, quando nos sentimos poderosos, nós nos realinhamos. Empinamos o queixo e recuamos os ombros. Estufamos o peito. Separamos os pés. Erguemos os braços e isso naturalmente nos tranquiliza, energiza e empodera! Repercute em reações neuroquímicas, graças a fisiologia humana!

Portanto, quando falamos em comunicação X ansiedade, devemos pensar tanto em estratégias de comunicação verbal, quanto de comunicação não-verbal (linguagem corporal), considerando, a congruência de ambas, com o nosso propósito de comunicação, nosso bem estar e certamente nossos receptores. Tudo e todos(as) conectados, inclusive nossa mente e corpo com o conteúdo, ambiente e situação.

Neste sentido, cabe compreender que atualmente existem profissionais capacitados e especializados em ajudar pessoas no aprimoramento dessas competências e habilidades.

Se quando sentimos uma dificuldade, um incomodo, ou seja, uma dor física, como uma dor no pé, ou no estômago, buscamos ajuda de um profissional, por que não buscar ajuda para nossas dores socioemocionais e comportamentais? Fica a dica!

Assista e aprenda mais com outros exemplos: https://youtu.be/Gut8kFtf-dM

Publicado por

Mariana Domitila Padovani Martins
Doutora em Educação e Mentora Transformacional 🧠💡

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