Mariana Domitila

Doutora em Educação e Mentora Transformacional

CONEXÕES FAST FOOD?

A tecnologia como um todo, as redes sociais, assim como seus aplicativos de comunicação instantânea e imediata, medeiam e potencializam, por diversas vezes aproximações, reaproximações e afastamentos de maneira quase que “fast food”. Agilizam e facilitam contatos favorecendo, teoricamente, uma troca de ideias, conteúdos e interações muito mais abrangentes e inclusivas, uma vez que, praticamente, suporta variados contatos ao mesmo tempo.

Por outro lado, também possibilita a formação constante e mais confortante de “tribos”, pois oferece para o sujeito – ou se preferirmos “o usuário” – um banquete de dispostos selecionadores, simplificadores e, se necessário, limitados no tempo (com prazos de validade, pois em algum momento não servirão mais, pois estarão desatualizados).

É simples e rápido, principalmente por meio da tecnologia, como por exemplo no caso das mídias sociais, adicionar, curtir, comentar, compartilhar e postar somente aquilo ou aqueles que são “parecidos com você”. A “identificação” e a “personalização” prevalecem num mundo de diversas possibilidades e percepções. O novo atrai, porém, o diferente pode dar trabalho, exige um esforço maior. O mundo globalizado, ao invés de parecer cada vez maior, se reduz num formato cada vez menor e compacto, leve, praticamente cabendo no bolso, num formato de celular.

Assim é também relevante observar que, num cenário repleto de possibilidades e contatos, por vezes, personalizados e tribalizados, o sujeito da sociedade contemporânea percebe-se e sente-se invariavelmente sozinho no meio da multidão (selecionada por ele ou não).

Estar só, ora é desejo, ora é repulsivo e tenebroso e isso começa a ser imperativo nas experiências advindas do isolamento social resultante da pandemia coronavírus (Covid19) , em que sujeitos, antes, aparentemente desconectados das relações interpessoais físicas (presenciais), agora estão valorizando e desejando suas características, não disponíveis nas plataformas virtuais. RELAÇÕES LÍQUIDAS: o que aprendemos com o coronavírus?

Também percebe-se que os cuidados com o “Eu”, assim como com a necessidade (ou imposição) do autoconhecimento, autodesenvolvimento e autoaprimoramento acabam por pesar sobre os ombros do indivíduo sujeitado (mesmo antes da pandemia).  

Como sujeitos num contexto líquido-moderno (BAUMAN, 2001) Sujeitos líquidos (Liberdade ou segurança?), pensamos ter a capacidade – ou sentimos ter – de apagar fatos, bloquear pessoas nas redes virtuais, excluir conceitos e encontrar outras possibilidades sempre melhores que as atuais. Pensamos ou sentimos e não necessariamente temos, pois histórica, sociológica e psicologicamente somos seres impulsivos com necessidade de comunicação e contatos presenciais mediante estímulos específicos. O que significa dizer que em longo ou curto prazo sentiremos as consequências do ato do apagar, do bloquear e do excluir.

O problema que aqui se apresenta é que não estamos, na maioria, das vezes, acostumados a lidar com essas consequências e sentimentos que geralmente se refletem em nossa autoestima, autorrealização e, consequentemente, em nossa atitude para com os “outros”, o que denota uma certa infantilização do adulto contemporâneo diante das circunstâncias das várias áreas da vida. Ora ou outra “terceirizando” muitas vezes para os “outros” a responsabilidade dos resultados insatisfatórios.

Deste modo, proponho uma reflexão:

  1. Com que frequência você tem pensado sobre seus relacionamentos interpessoais (pessoais/profissionais)?
  2. De que modo você os caracteriza e os valoriza atualmente (antes e durante a pandemia)?
  3. De que forma se responsabiliza em relação a essas conexões?
  4. Considera-se uma pessoa satisfeita com essas conexões? Por que?
  5. Quais são as estratégias que utiliza para melhorar sua comunicação interna e externa (com você e com as outras pessoas)?

Perguntas interessantes e necessárias, que você pode se fazer, se quiser, pois a estratégia de realizar boas perguntas possibilita ampliação de “mentalidade”, de visão de mundo, capacitando a pessoa a pensar em coisas que não está acostumada a pensar no dia a dia. Portanto, boas perguntas ajudam no desenvolvimento de novas conexões neurais; novas aprendizagens e caminhos estratégicos!

Publicado por

Mariana Domitila Padovani Martins
Doutora em Educação e Mentora Transformacional 🧠💡

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